Indígenas da etnia Munduruku iniciaram uma interdição na estrada que dá acesso ao município de Jacareacanga, no sudoeste do Pará, desde a madrugada desta segunda-feira (14). Os manifestantes declararam que não há previsão para o fim da interdição e que têm sofrido diversas ameaças em função de manifestações contra a ação de garimpeiros.
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Povo Munduruku interdita via de acesso à Jacareacanga — Foto: Reprodução / Cimi |
O grupo se reuniu contra a regularização da mineração nas terras indígenas e exigem a retirada imediata de garimpeiros que atuam no território Munduruku. Os indígenas exigem, ainda, a realização de uma audiência pública com o Ministério Público Federal (MPF), prefeito e vereadores do município para tratar do assunto.
De acordo com a Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o povo Munduruku tem se mobilizado e realizado manifestações contra a legalização do garimpo em terras indígenas desde o dia 27 de setembro. No total, o povo Munduruku conta com 14 mil indígenas que vêm sendo diretamente afetados pela atividade garimpeira. Em um comunicado, a Cimi informou que o garimpo só traz prejuízos ao território: “Vocês estão destruindo nossos locais sagrados, perturbando o mundo dos nossos espíritos. Isto traz doenças e morte para nosso povo. Não vamos aceitar mais destruição. Nossos rios estão poluídos com mercúrio, nossos peixes estão morrendo”, declarou.
Em fevereiro de 2018, o MPF ajuizou uma ação que visava garantir a fiscalização contra garimpagemilegal no território Munduruku. Na ocasião, denúncias apontavam uma série de danos socioambientais provocados pela intensa atividade dos garimpos, como a redução da pesca, contaminação por mercúrio, além de afetar os costumes da comunidade ao trazer bebidas alcoólicas, drogas e prostituição para a região.
G1 Pará