quinta-feira, novembro 21, 2024

Como reconhecer atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor de uma criança?

Olhar atento de pais e cuidadores às habilidades infantis ajuda a reconhecer a necessidade de ajuda profissional.

O desenvolvimento de pequenas habilidades das crianças ajuda a entender se há ou não alguma questão incomum para a faixa etária, como informa o Ministério da Saúde. Em alguns casos, dificuldades apresentadas, ainda quando bebês, podem indicar um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. 

De acordo com a CEO do Espaço Cel, Virginia Vasquez, o desenvolvimento neuropsicomotor é o processo pelo qual, a partir de estímulos, a criança adquire determinadas habilidades. Quando há algo incomum nesse aspecto, podem ocorrer dificuldades para desempenhar capacidades cognitivas, motoras e de comunicação típicas para a idade. 

O olhar atento de pais, familiares e responsáveis se torna fundamental para entender se há sinais que indiquem algum atraso no desenvolvimento da criança e quando é o momento ideal de procurar ajuda profissional para obter o diagnóstico e o tratamento adequados. 

Com um apoio de uma equipe especializada, os pais conseguem ter o direcionamento correto para o tratamento da síndrome de down, do autismo e de outras condições que afetam o desenvolvimento cognitivo, contribuindo para que a criança tenha uma infância com mais qualidade de vida. 

Como acontece o desenvolvimento neuropsicomotor 

O desenvolvimento neuropsicomotor, conforme explica Virginia, corresponde à aquisição progressiva de habilidades pela criança durante o seu crescimento. Por ter caráter progressivo e dinâmico, é esperado que elas alcancem funções cada vez mais complexas, acompanhando sua faixa etária. 

Um bebê que já senta e se interessa pelas coisas que estão ao seu redor começará a rastejar para alcançá-las e acabará aprendendo a engatinhar. O desenvolvimento neuropsicomotor é importante para o ser humano aprender a desempenhar habilidades importantes ao longo da vida.

Segundo o Ministério da Saúde, quando o bebê nasce, o sistema nervoso central ainda não está completamente desenvolvido e, como consequência disso, são necessários estímulos das pessoas que fazem parte do seu convívio.

Virgínia explica que essa dependência também pode influenciar o desenvolvimento neuropsicomotor, sendo considerada um aspecto ambiental. Além disso, questões genéticas e contextuais também influenciam o desenvolvimento das crianças.

O Observatório da Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que a aquisição de habilidades ocorre em diferentes áreas. Na motora, os bebês desenvolvem a capacidade de sentar, engatinhar e andar. Na linguagem,  chorar, sorrir e falar. Já a psicossocial é a capacidade de interagir com outras pessoas, estranhar e adquirir independência. 

“Marcos” da infância podem servir como referência

Para averiguar os possíveis atrasos no desenvolvimento das crianças, os profissionais da saúde prestam atenção nos “marcos”, termo utilizado para designar habilidades adquiridas ao longo do tempo. Quando percebem alguma anormalidade, eles conseguem traçar o diagnóstico.

Isso pode ser observado pelo pediatra que acompanha a criança ou um profissional específico para a avaliação de uma determinada habilidade, como fisioterapeuta ou fonoaudiólogo. 

Segundo a Associação Paulista de Medicina (APM), os marcos mais importantes ocorrem no primeiro ano de vida e abrangem aspectos motores, cognitivos, socioemocionais e linguísticos. 

Para entender se há algum atraso no desenvolvimento neuropsicomotor é importante ter atenção e observação em conjunto entre a família e os profissionais que acompanham a criança, conforme alerta a APM. No entanto, o olhar dos pais é o mais importante, pois são eles que acompanham a rotina e o crescimento da criança ao longo dos dias. 

A cada fase da vida da criança, há marcos esperados e, quando eles não são alcançados, é possível que haja algum tipo de atraso no desenvolvimento. Há casos, por exemplo, em que é necessário averiguar se a criança apresenta TDAH e o diagnóstico para o transtorno é fundamental. É por meio dele que o profissional irá definir os métodos adequados para trazer mais qualidade de vida para as crianças. 

A “Cartilha de Desenvolvimento” elaborada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), mostra quais são os principais marcos nos primeiros anos de vida. No aspecto motor, dos dois a três meses, é esperado que o bebê sustente a cabeça; aos quatro, que agarre os objetos; dos seis aos sete, que se sente sem apoio; aos dez meses, que fique de pé; e até 1 ano e 4 meses que ande sem nenhum apoio. 

No aspecto da linguagem, a cartilha aponta que, ao nascer, as crianças devem reconhecer a voz da mãe e reagir aos sons. Dos dois aos três meses, emitir vogais; aos sete meses devem começar a entender “não” e o próprio nome; aos nove, devem iniciar os balbucios silábicos como “mamama” ou “dadada”; em torno de um ano falar as primeiras palavras funcionais e, aos três anos, conseguir manter um diálogo. 

Já no desenvolvimento socioemocional, o documento aponta que aos dois meses de vida é esperado que a criança sorria em resposta a estímulos; aos nove meses, demostre medo; e com um ano passe a pedir e compartilhar brinquedos.

Ainda conforme Virginia Vasquez, cada criança se desenvolve em seu próprio ritmo, mas os marcos podem ajudar a identificar possíveis atrasos, abrindo caminho para os pais buscarem orientação profissional especializada, como pediatras e psicólogos infantis.

“Entender e observar os marcos do desenvolvimento infantil fornece uma visão essencial sobre o progresso das crianças e permite que pais e cuidadores ofereçam o suporte necessário para um crescimento saudável e equilibrado”, esclarece a especialista. 

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