quinta-feira, dezembro 26, 2024

Operação ‘Tabuleiros VI’ Apreende Maior Quantidade História em Proteção às Tartarugas da Amazônia

Multa recorde destaca os esforços na luta contra a exploração ilegal das espécies

Durante a Operação “Tabuleiros VI”, com a participação de fiscais do Ibama, policiais da Força Nacional e ribeirinhos que atuam como monitores do Programa Quelônios da Amazônia (PQA), foram apreendidas fêmeas adultas e confiscados 666 ovos de tartarugas da Amazônia (*Podocnemis expansa*), que estavam com um grupo de infratores que invadiu o Tabuleiro de Monte Cristo, no município de Aveiro, oeste do Pará.

Localizado nas margens do rio Tapajós, o Tabuleiro do Monte Cristo é o principal monitorado pelo PQA no Pará e o segundo maior do Brasil.

A fiscalização das praias próximas ao tabuleiro ocorre durante todo o segundo semestre de cada ano para garantir a segurança das tartarugas e dos locais onde elas depositam seus ovos.

A operação deste ano começou no dia 11 de outubro e se estendeu até a última semana do mês. Foram semanas de pernoites nas praias próximas ao tabuleiro, atendimento a denúncias, apreensões de materiais de captura dos quelônios e resgates de tartarugas que caem em equipamentos de pesca proibidos (como espinhéis, por exemplo). Uma vez resgatados, os animais são medidos, catalogados e devolvidos ao rio.

O grupo de infratores foi flagrado na noite do dia 25 de outubro em um ponto estratégico próximo ao rio Tapajós. Eles haviam invadido o tabuleiro e estavam carregados com ovos de tartarugas da Amazônia, além de 9 fêmeas adultas. No dia 26 de outubro, foram encontrados mais 50 ovos e pertences pessoais dos infratores, totalizando 666 ovos furtados.

A fiscalização conseguiu deter três infratores com sacos e mochilas cheias de ovos. Eles foram levados à Base Avançada do Ibama, onde o procedimento administrativo ambiental foi iniciado com a lavratura de autos de infração. A multa, proporcional à quantidade de ovos e animais, foi de R$ 6.250.000,00. De acordo com informações do Ibama, essa foi a maior multa já aplicada e a maior apreensão na história dos 45 anos do Programa Quelônios no Brasil.

Dos 616 ovos apreendidos no dia 25 de outubro, 592 estavam intactos; por isso, foram recolocados em ninhos para serem monitorados. As fêmeas foram soltas no local. Já no dia 26 de outubro, foram encontrados mais 50 ovos e pertences pessoais dos infratores, totalizando os 666 ovos furtados.

Após o procedimento administrativo, os infratores foram encaminhados à delegacia da Polícia Civil em Itaituba e podem responder por diversos delitos, incluindo formação de quadrilha, aliciamento de menores, maus-tratos a animais e receptação.

### Sobre o Programa

Criado em 1979, o Programa Quelônios da Amazônia (PQA), executado pelo Ibama, é o maior programa de conservação da fauna em vida livre (in situ) do mundo. Com o objetivo de impedir que espécies de quelônios amazônicos entrassem em estado de extinção, o programa utiliza técnicas de monitoramento, manejo, educação ambiental e fiscalização como estratégias para a conservação das espécies. Até o ano de 2023, o Programa havia sido responsável pela soltura de mais de 100 milhões de filhotes em todos os estados da Amazônia Legal.

Os quelônios da Amazônia desempenham um papel fundamental no ecossistema amazônico, contribuindo para a saúde e o equilíbrio ambiental das regiões onde habitam. Eles promovem a dispersão de sementes ao se alimentarem dos frutos, favorecendo a regeneração das florestas; também atuam no controle populacional, participam da ciclagem de nutrientes e servem como indicadores da saúde ambiental, sendo extremamente sensíveis à poluição, às mudanças climáticas e principalmente à predação humana.

Pesquisas em curso estimam que apenas 1% dos filhotes consegue atingir a maturidade sexual e perpetuar a espécie; o estado de conservação das espécies monitoradas pelo Ibama é classificado como “quase ameaçada”, segundo a classificação internacional proposta pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Os quelônios amazônicos estão elencados no Anexo II da CITES, indicando que as espécies dependem de programas como o PQA para que suas populações não entrem em estágio ameaçado ou extinto.

Com informações do Ibama

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