quinta-feira, janeiro 9, 2025

Tragédias Inocentes: A Violência das Facções Criminosas no Brasil

Gestos cotidianos se tornam motivos de assassinatos em meio a disputas entre grupos rivais

A guerra entre facções criminosas tem vitimado inocentes no Brasil por motivos banais, como gestos feitos com as mãos em fotos publicadas na internet. Casos recentes de assassinatos, supostamente motivados por sinais com os dedos interpretados como símbolos de grupos rivais, levantam um alerta no país.

Dependendo do lugar onde a pessoa está, mesmo durante viagens, é importante adotar alguns cuidados. Na madrugada do último dia 17, por exemplo, o turista adolescente Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, foi sequestrado, agredido e morto por um grupo de traficantes em Jericoacoara (CE). O corpo dele foi encontrado no dia seguinte, em um ponto afastado do centro da vila turística mundialmente famosa.

O pai do menor, o empreiteiro Danilo Martins de Jesus, de 33 anos, que viajava com o filho, acredita que o motivo tenha sido o gesto com a mão que Henrique costumava fazer em fotos publicadas nas redes sociais. O sinal de “três dedos” é associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e aos demais grupos aliados.

A família é de Bertioga (SP), no litoral paulista. O pai conta que sinais desse tipo, sejam de dois ou três dedos, são comuns entre os jovens da cidade e que não têm relação com facções. “Meu filho não é bandido. Todo mundo aqui faz aquele gesto. Para nós, aqui, não tem isso de facção”, diz ele.

Irmãs assassinadas em Mato Grosso

Um caso semelhante ocorreu em setembro deste ano em Porto Esperidião (MT), cidade do sudoeste mato-grossense e próxima à fronteira com a Bolívia. A então candidata a vereadora Rayane Alves Porto, de 25 anos, e sua irmã Rithiele Alves Porto, 28, foram torturadas e brutalmente assassinadas a mando de um líder do Comando Vermelho, que ordenou o crime de dentro da prisão.

O motivo, segundo a investigação, teria sido a interpretação dos sinais feitos por elas em fotos tiradas em momentos de lazer com a família e publicadas nas redes sociais. Assim como Henrique em Jericoacoara, as irmãs fizeram gestos de “três dedos”, mas semelhantes ao símbolo do rock; isso teria sido suficiente para decretar a morte de ambas.

Apesar da região ser dominada pelo Comando Vermelho, vive-se um cenário de constante disputa entre integrantes de facções rivais. Rayane e Rithiele, junto com um irmão delas e outros dois rapazes, foram abordados por um grupo armado durante uma festa na cidade na noite de 14 de setembro e levados para uma casa alugada dias antes. Elas tiveram dedos e cabelos cortados antes de serem executadas.

O irmão teve uma orelha cortada. Um dos rapazes, que era namorado de Rithiele, conseguiu fugir em busca de ajuda enquanto outro saiu ileso. O caso teve grande repercussão em Mato Grosso. Conforme indicam os depoimentos dos presos, o líder que teria ordenado o crime acompanhou a execução por chamada de vídeo a partir da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá (MT).

Fonte: Metropoles 

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