As televisões foram uma das maiores invenções do século passado, transformando completamente o cotidiano dos consumidores. Primeiramente disponibilizadas na década de 30, com painéis pequenos, baixa fidelidade de imagem e sem suporte às cores, avanços tecnológicos em áreas como transistores e processamento de sinal rapidamente aceleraram suas melhorias: a chegada das cores, o aumento do tamanho da tela útil, melhorias de qualidade em som e imagem, suporte às legendas, e muito mais. Em pouco tempo, o aparelho de TV se tornou uma peça central da sala de estar da maioria das residências, geralmente em posição de destaque.
No entanto, televisores tradicionais baseados em tubos CRT eram grandes, extremamente pesados, analógicos e consumiam bastante energia – fator extremamente relevante, já que como sugere a ExpressVPN, a conta de luz está cada vez maior – a chegada dos painéis LCD transformou completamente o universo das imagens digitais pois substituiu essas características por televisões finas, frias, com recursos digitais, alta qualidade de imagem e menor consumo energético. Além disso, os painéis LCD foram fundamentais para a existência dos primeiros aparelhos de celular, relógios digitais, calculadoras, videogames portáteis e outros aparelhos, mas agora, décadas após sua popularização, a tecnologia de LCD está oficialmente encerrada – confira.
Vantagens do LCD e suas categorias
A tecnologia de LCD é, simplificadamente, baseada em cristais líquidos que se movem em resposta à energia elétrica: em uma posição são capazes de bloquear uma fonte de luz e, em resposta a energia, se transformam e se tornam transparentes, permitindo que a luz atravesse normalmente. Uma tela de LCD é, portanto, um verdadeiro sanduíche entre um painel de vidro, a camada de cristal líquido e eletrônicos, e para televisões ou celulares, uma forte fonte de luz conhecida como backlight.
Suas principais características incluem a alta versatilidade, baixo custo de produção com tecnologias atuais, escalabilidade e a capacidade de criar painéis com baixa espessura, principalmente quando comparados aos antigos painéis CRT. Ao longo dos anos, diversas melhorias e categorias foram desenvolvidas para aplicações distintas:
- Tela transflectiva: as telas transflectivas são o tipo mais simples e comum de painel LCD, pois não exigem fonte de luz interna. São as telas encontradas em relógios de pulso, aparelhos como o primeiro iPod e o Nintendo GameBoy, calculadoras portáteis, fornos de microondas e semelhantes. As telas transflectivas não podem ser utilizadas durante a noite ou em ambientes escuros, mas em contrapartida, oferecem consumo baixíssimo de energia e são capazes de funcionar em diversos cenários desafiadores.
- TN: a tecnologia TN foi a verdadeira responsável pela explosão de popularidade e aplicações dos painéis LCD, pois permitiu que estas telas funcionassem com tensões e correntes menores, e por preços razoáveis o suficiente para permitir a venda de televisores com vinte ou mais polegadas. No entanto, desvantagens como distorção das cores ao observar a tela em ângulos maiores, baixo tempo de resposta resultando em “imagens fantasma” e outros defeitos tornam os painéis TN pouco desejáveis em 2023 e encontrados apenas em aparelhos de baixo custo.
- IPS: extremamente populares em televisões de médio e alto custo, além de frequentemente encontrados em aparelhos como laptops, consoles como o Nintendo Switch e smartphones, os painéis LCD oferecem qualidade de imagem significativamente superior aos antigos painéis TN. Uma revisão da tecnologia, conhecida como IPS LED ou apenas LED, substitui a lâmpada fluorescente por uma fina camada de LEDs aumentando a fidelidade das cores e reduzindo o consumo de energia elétrica.
- VA: tecnologia mais recente de painéis LCD, as telas VA compartilham o mercado com os tradicionais IPS e oferecem melhor contraste e ponto preto, em troca de maior tempo de resposta e mais possibilidade de distorção. Os painéis VA são comumente encontrados em monitores para computadores de alto custo, principalmente aqueles destinados a edição de vídeos, apesar de serem desaconselhados para quem deseja utilizar o painel para jogos.
Desvantagens do LCD e alternativas
Apesar de sua inegável importância para o desenvolvimento de televisões e celulares e grandes avanços em sua qualidade de imagem, os painéis LCD sofrem de alguns problemas fundamentais: a fonte de luz não se trata dos pixels que compõe a imagem e sim uma luz de fundo que precisa atravessar as camadas do display e que para exibir o preto precisa ser bloqueada pelo cristal. Isso significa que nenhum painel LCD é capaz de criar cores perfeitamente vibrantes e a cor preta se torna, na verdade, um tom de cinza escuro. Técnicas como segmentação da luz de fundo, muitas vezes conhecida como mini LCD, ajudam a aliviar o problema mas não são capazes de eliminá-lo por completo.
É por isso que há algumas semanas um representante da Merck KGaA, uma das principais desenvolvedoras da tecnologia em todo o mundo, revelou que as telas LCD estão encerradas: não serão desenvolvidas novas linhas de pesquisa para melhorar a tecnologia, e os investimentos em fabricação não serão mais dedicados aos painéis desse tipo. O foco mundial agora é em painéis alternativos com tecnologias de OLED e microLED, e gigantes do setor como Samsung e LG já demonstraram grandes saltos nesta área.
- OLED: muito popularizada em smartphones Android, presente nos iPhones de última geração e recém chegadas no mercado brasileiro de televisores, a tecnologia OLED usa diodos orgânicos para que cada ponto na tela seja capaz de produzir sua própria luz. Isso significa que não é necessário utilizar uma luz de fundo, garantindo aos painéis OLED contraste absoluto com pretos perfeitos, alta luminosidade, cores vibrantes, e melhores ângulos de visão. Televisões OLED também podem contar com espessura reduzida, e em smartphones, é possível encontrar telas dobráveis e outras inovações. Apesar disso, a tecnologia OLED conta com desvantagens: a natureza orgânica de seus componentes resulta em degradação ao longo do uso, efeito conhecido como “burn in” que pode resultar em imagens queimadas na tela como logótipos de emissoras, menus de videogames, teclados em smartphones ou legendas. Os painéis OLED também são especialmente sensíveis ao calor, e perdem brilho ao longo dos anos.
- microLED: a tecnologia microLED é considerada o grande ápice das telas modernas, mas ainda não é abundante no mercado graças ao grande custo de fabricação e dificuldade em seu aperfeiçoamento. As telas microLED funcionam de forma equivalente as OLED, no entanto, ao invés de usar diodos orgânicos são utilizados milhares de LEDs de tamanho microscópico. Isso significa que as telas microLED possuem todas as vantagens descritas para os painéis OLED, mas não sofrem com degradação, consomem menos energia, não sofrem com burn in e podem reproduzir cores ainda mais vibrantes. Atualmente, empresas como Apple e Samsung já investiram mais de um bilhão de dólares no desenvolvimento desta tecnologia, mas não são capazes de fabricar em larga escala painéis microLED com tamanho suficiente para monitores ou televisores, portanto, seu uso está restrito a pequenos aparelhos como relógios inteligentes.
A indústria dos painéis de alta resolução e qualidade está mais aquecida do que nunca, e a combinação de telas de eInk para aparelhos de baixo consumo como calculadoras aliada ao desenvolvimento dos painéis OLED e microLED significam que já não há mais necessidade de enfrentar os desafios e limitações dos tradicionais painéis LCD. A previsão é que os painéis LCD já existentes sejam utilizados por mais de uma década mesmo com sua descontinuação, especialmente graças ao seu baixo custo, mas novas inovações no setor serão completamente baseadas na nova geração de tecnologia de tela.