quarta-feira, janeiro 29, 2025

Alerta da SBIm sobre Baixa Procura pela Vacina Contra Dengue em Meio a Crescente Casos da Doença

Apenas 50% das Doses Distribuídas pelo Ministério da Saúde Foram Aplicadas, Levando a Sociedade a Reforçar a Importância da Imunização.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta nesta sexta-feira (24) sobre a baixa procura pela vacina contra a dengue. O imunizante está disponível para um grupo restrito de pessoas em 1,9 mil cidades onde a doença é mais frequente. Apenas metade das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde para estados e municípios foi aplicada.

De acordo com a pasta, de 2024 até 20 de janeiro de 2025, foram distribuídas 6.370.966 doses. A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) indica que 3.205.625 foram aplicadas até o momento.

Em 2024, o Brasil registrou um número recorde de casos de dengue: 6.629.595 casos prováveis e 6.103 mortes. Estão ainda em investigação 761 óbitos. Os dados fazem parte do painel de monitoramento do Ministério da Saúde e trazem informações até 28 de dezembro de 2024. Em 2025, são registrados 101.485 casos prováveis e 15 mortes confirmadas.

A vacina

A vacina contra a dengue, Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), começou a ser distribuída no país em fevereiro de 2024.

Devido à capacidade limitada do fabricante, a quantidade de doses adquiridas pelo governo brasileiro foi restrita ao público-alvo de crianças de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue, após pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.

A Qdenga é aplicada em duas doses com intervalo de 90 dias.

A presidente da SBIm, Mônica Levi, destaca que o Brasil foi o primeiro país a oferecer a vacina contra a dengue na rede pública. No entanto, lamenta o que classifica como “baixa procura”. Ela ressalta que a Qdenga é um imunizante seguro e eficaz.

“Qualquer vacina para ser aprovada e licenciada no país passa por uma série de critérios rigorosos, e essa vacina Qdenga, do laboratório Takeda, foi aprovada no Brasil, na Europa, na Argentina e em vários países da Ásia”, afirmou.

Ela reforça o benefício de completar o ciclo com as duas aplicações: “A segunda dose é responsável, principalmente, pela proteção de mais longa duração, que pode ser superior a quatro anos e meio”, explica.

Mônica Levi orienta que quem perdeu o prazo de 90 dias pode tomar a dose adicional normalmente. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, convocou crianças e adolescentes para receberem essa dose adicional.

“Se houver atraso no esquema vacinal, a primeira dose continua válida; nunca deve-se recomeçar. A dose aplicada é contabilizada no nosso sistema imunológico e não há prejuízo em alargar o intervalo entre as doses. No entanto, sempre recomendamos seguir o esquema recomendado sempre que possível”, completa.

O Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, anunciou no último dia 22 o início da produção dos imunizantes contra a dengue. A vacina se chamará Butantan-DV, mas ainda precisa da aprovação da Anvisa. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, não acredita que o país terá vacinação em massa em 2025.

Prevenção e monitoramento

O alerta da sociedade médica acompanha ações recentes de prevenção e monitoramento do Ministério da Saúde e chega em um momento preocupante devido à detecção do sorotipo 3 (DENV-3) do vírus da dengue. Esse tipo não circula predominantemente no país desde 2008 e grande parte da população está suscetível ao DENV-3.

Procurado, o Ministério da Saúde explicou que a lista dos 1.921 municípios que receberam a Qdenga foi elaborada em conjunto com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), levando em conta estados e municípios.

“As vacinas são destinadas a regiões com municípios grandes onde houve alta transmissão nos últimos dez anos e uma população residente igual ou maior que 100 mil habitantes, considerando também altas taxas nos últimos meses”, apontou a pasta.

O ministério afirma que a baixa disponibilidade para aquisição do imunizante faz com que a vacinação não seja a principal estratégia do governo contra a dengue; por isso é mantida uma forte ênfase na prevenção.

O órgão destaca que lançou o Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses (doenças transmitidas por insetos como mosquitos), em parceria com estados, municípios e organizações.

A iniciativa prevê intensificação do controle vetorial do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, utilizando tecnologias como o método Wolbachia; Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) em áreas difíceis; além da Técnica do Inseto Estéril por Irradiação (TIE-Irradiado) em aldeias indígenas; assim como borrifação residual em imóveis públicos com grande circulação de pessoas.

O ministério lembra ainda que instalou no último dia 9 o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para ampliar o monitoramento das arboviroses.

Fonte: Agência Brasil

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