A Polícia Federal (PF) iniciou a perícia dos corpos encontrados no último sábado em barco à deriva em Bragança, no Pará. Apesar do trabalho ainda não estar finalizado, o superintendente da Polícia Federal no estado, José Roberto Peres, afirmou que a inanição e a desidratação foram as prováveis causas de morte.
O trabalho minucioso de perícia nesses corpos deve se estender até o final de semana e (então) vai ser identificada a causa das mortes, mas, provavelmente, foi a falta de alimento e de água — declarou Peres.
O superintendente disse ainda que o órgão está trabalhando com um protocolo da Interpol para identificar os corpos, convenção que é adotada em situações como a que ocorreu no Pará.
Entenda o caso
O barco foi encontrado no último sábado na região do Salgado, no nordeste paraense, região que abrange 11 municípios, como Salinópolis, São João de Pirabas e Terra Alta. A princípio, suspeitava-se que haviam 20 corpos dentro do barco, mas a PF confirmou posteriormente que apenas nove foram encontrados.
Documentos e objetos achados no barco nesta terça-feira indicam que os corpos pertenceriam a imigrantes da Mauritânia e do Mali, países localizados na África. No entanto, a PF não descartou a possibilidade de haver pessoas de outras nacionalidades entre as vítimas.
Dos nove corpos localizados, oito estavam dentro da embarcação e um nono próximo a ela. Apesar disso, a PF apontou que ao menos 25 pessoas se encontravam inicialmente no barco, em vista do número de capas de chuva que havia na embarcação.
O órgão levantou suspeitas de que o grupo estava indo para as Ilhas Canárias, um arquipélago pertencente à Espanha. Localizado no Oceano Atlântico na costa do Marrocos, o local passou a ser um destino frequente de emigrantes africanos nos últimos anos, após a Europa aumentar a vigilância no Mar Mediterrâneo.
Migrantes dos países citados como possíveis lugares de origem dos corpos costumam se arriscar em barcos pesqueiros para ir às Ilhas Canárias como uma porta de entrada ao continente europeu. A fim de driblar a fiscalização, eles se distanciam das regiões costeiras e adentram o alto-mar.
Em entrevista, o oceanógrafo e professor da UERJ, David Zee, levantou a hipótese de que uma corrente marítima poderia ter tirado a embarcação de sua rota original, processo que levaria de sete a 15 dias.
Fonte: O globo